Acho que nunca comentei sobre isso aqui, mas quem me conhece
sabe muito bem que Brilho Eterno de uma mente sem lembranças (Michel Gondry) é meu filme
favorito, por inúmeras questões. Tanto por valor estético, como por conteúdo,
quanto por memórias afetivas de uma época da minha vida. Foi o filme que me
pegou e que faz parte da minha história
pessoal. O vi a primeira vez em 2007 e desde essa época, necessito assisti-lo
de tempos em tempos. E choro, me emociono, me questiono todas as vezes que o
vejo. A última vez foi no cinema, em uma amostra de filmes no MIS, e novamente,
uma sensação inexplicável.
Sempre quis escrever algo sobre a importância desse filme
pra mim, mas nunca consegui colocar em palavras. Mas hoje, estava comentando
sobre “relacionamentos cagados “ e como acho que não vale a pena tentar ficar
remendando um relacionamento que já desgastou, que já chegou ao fim. Ouvi como
resposta “Mas você não gosta do Brilho eterno? Ele é o tempo todo sobre isso!”.
Na hora eu não pude responder, mas não, eu não vejo que seja sobre isso.
Brilho eterno de uma mente sem lembranças não se trata de
insistir em um relacionamento que já afundou, em “fingir” que as mágoas não
existem, em que as dores foram perdoadas e seguir com a mesma pessoa, como se
tudo estivesse bem. Brilho Eterno, para mim, fala de recomeço, de tentar fazer
com que dê certo, em olharmos para nós mesmos e pensarmos “Porque faço essa
pessoa que amo tanto sofrer de uma forma tão dolorosa? Porque a maltrato,
porque não me importo com o que ela pensa ou sente, porque prefiro estar com a
razão do que estar em paz com aquele que
escolhi dividir a vida?”. Quando Clementine (Kate Winslet) e Joel (Jim Carrey) se reencontram, eles estão com
as memórias apagadas um do outro. Eles tem o sentimento puro que os une, eles
sabem que se amam, mas estão limpos das mágoas e dos erros do passado. E mesmo
após terem contato com a fita em que escutam um insultando o outro, ambos
decidem que não farão mais dessa forma, que irão superar isso e fazer diferente. Joel precisa reviver suas
lembranças, retrogradamente, e chega ao tempo que ele e Clementine se amam sem
ego, sem jogos, sem mágoas, para notar o quanto a amava e o quanto apesar
de todos os defeitos, ele não queria que ela saísse de sua memória, de sua
vida.
Brilho eterno me mostra como afundamos um amor verdadeiro,
seja ele uma amizade, um romance, algo de puro e essencial em nossas vidas, por
querermos ter sempre razão, por preferirmos ferir alguém, preferirmos trair,
magoar, ignorar uma pessoa que está do nosso lado por puro ego e amargura. E se tivéssemos
uma segunda chance? E se voltássemos a nos conhecer, mas com a mente livre de
julgamentos, com o coração aberto para uma nova tentativa? Porque estragar uma
história que hoje você está vivendo com alguém?
Por que não ceder, não relevar, não querer se ajeitar? Porque construir um muro
de tristezas, mágoas e rancores, em vez de criar novas e melhores lembranças? Será
que você terá uma nova chance, quando essa relação chegar ao fim? Será que será
fácil para o outro esquecer e passar por cima de todas as marcas que ficaram? Não
existe uma Lacuna.Inc na vida real, onde más lembranças simplesmente serão
apagadas e você recomeçará sua história do 0. No mundo real, existe você, no
aqui e agora, fazendo valer a pena. Talvez ainda dê tempo de cultivar aquela
sementinha quase morta de amor no coração de ambos, talvez ainda tenha como
criar lembranças mais amorosas e fortes que as ervas daninhas que se
infiltraram. Tudo depende de você e de como você quer que seja a sua vida. E
diferente do filme, as coisas que você diz e faz não podem ser apagadas por
algum tipo de preço, elas ficam, elas se tornam feridas. Pense bem antes de
falar ou fazer algo pra alguém que você diz amar, pois poderá não haver uma
segunda chance.




Ah, meu deus, esses texto encheu meus olhos de lágrimas. Acho que você entendeu muito bem o filme, eu compartilho da sua opinião. Brilho Eterno também é meu favorito justamente por não passar uma visão idealizada do amor, mas também sem cair no pessimismo. Um filme sobre erros e acertos. Sério, eu gostei muito da sua resenha.
ResponderExcluirOi Day! Que ótima postagem, sou suspeita pois amo este filme.
ResponderExcluirO acho linda e incrivelmente poético.
Beijocas
Moça,eu achei seu blog aleatoriamente e amei tudo que li até agora aqui.Mas esse texto me fez transbordar <3
ResponderExcluirAHHHH! e seu blog é tão amorzinho que é impossível não salvar ele nos favoritos ...
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