A exigência comigo mesma e com as pessoas com quem me
importo é uma constante na minha vida. Creio que com a idade, essa minha
característica tenha ao mesmo tempo se acentuado e se tornado mais flexível.
Acentuado porque procuro cada vez mais fontes fidedignas para meus estudos e
relações; flexibilizado pelo fato de me permitir relaxar mais e saber que é
impossível alcançar a perfeição. Tudo isso serviu para que eu sempre
buscasse o melhor para mim: Não basta dizer “que gosto de ler” e ler coisas
superficiais que em nada me acrescentam, por exemplo. Quando mais nova, até
conseguia, mas está cada vez mais impossível me concentrar em uma leitura que
apenas repita clichês e nada me ensine.
Acho perda de tempo gastar minutos preciosos do meu dia lendo repetições
de historinhas que deram certo, até por essa questão ando mais voltada a literatura
acadêmica, mas continuo amando a literatura quando esta não é só um enlatado
cultural disfarçado de “cult”. Também não basta ver um filme, tem que conter
reflexões e tramas que me façam sentar e
querer ver o que está passando (e olha que amo cinema!). Do mesmo jeito, não basta ouvir uma música,
não basta ter um namoro, não basta ter um trabalho etc, etc, etc. Gostaria de
ser uma pessoa mais “leve”, que se permite ver um filme mais pipoca ou ler uma história
mais floreada e sem rodeios, mas enfim, não faz parte de mim. Sofri, mas
aceitei minha chatice que muitas vezes, me leva a uma sensação de solidão.
Mas acho que o lado mais ambíguo desse meu defeito/qualidade
é o de exigir boas argumentações e brincar de “jogo dos sete erros” em
discursos repetidos por aí. Não me deixo convencer por um bom marketing
pessoal, sempre tento ler o que há por trás das intenções da mídia, das
ideologias e principalmente das pessoas e assim como não sou de me dar colher de chá, não passo a mão na
cabeça de ninguém.
O bom disso é que (como disse minha psicóloga), sou uma
pessoa extremamente difícil de ser manipulada, o que não quer dizer que não possa acontecer,
como já aconteceu, mas até mesmo essas vezes em que sofri uma manipulação me
serviram para refletir ainda mais sobre
todos estes aspectos. O lado ruim é que é fácil se sentir excluída da
rodinha de cerveja, dos clubinhos feministas, dos grupinhos onde todo mundo
pensa igual, pois geralmente, ou dou minha opinião sobre determinado assunto e
todo mundo me olha com cara de bunda, ou fico calada, apenas acenando e
sorrindo. Embates em relacionamentos é o que mais tem também! Homens são ensinados
por nossa cultura patriarcal que mulheres gostam de agradar e que a razão lhes
pertence e quando se deparam com a mulher
pensando e lhes provocando intelectualmente, voltam ao seu estado de meninos birrentos
quando são contrariados.
Ao longo do meu amadurecimento, tenho aprendido a guardar
minhas opiniões e concordar para não discutir. Ninguém é obrigado a pensar como
eu, e muito menos eu sou obrigada a pensar como os outros. Cada um lê, vê, se
porta e acredita no que quiser. Se houver espaço para um diálogo, fico feliz e
disposta, mas não curto “debates” onde o
objetivo é obrigar o outro a concordar com suas ideias e prezo muito gente que
consiga ouvir um “não concordo com você” ou "você está errado" sem achar que está sendo
ofendido. Enquanto muitos não aprenderem que “é a minha opinião” não é
argumento e nem te dá o direito de falar qualquer bobagem que lhe venha a
cabeça, prefiro me manter acenando e sorrindo e preservando minha paz mental.

Poleeemicaaas :)
ResponderExcluirEstão legais seus textos moça.
Tenho seguido esta linha, de ao mesmo tempo me lembrar que não sou o dono da verdade e também de aprender a não agir como se a verdade do outro fosse fruto apenas de desinformação, mal intenção ou qualquer outra coisa.
E sobre essa parte dos problemas de buscar sair da linha do mediano em relação a filmes, músicas, livros, etc. Tb sinto esse dilema de as vezes parecer chato por não achar "se eu fosse você" o melhor filme brasileiro. (só um exemplo) ou de parecer o arrogante.
é preciso muita luva e delicadeza com as palavras para contornar essas situações hahaha, mas a gente vai aprendendo.