Um belo dia, esse ano, me dei conta que sou uma bruxa “de verdade”. Isso aconteceu quando eu descobri que para praticar magia eu não precisava seguir uma religião ou deus.
Falando rapidamente sobre a minha trajetória e o porquê de eu ter apenas me descoberto bruxa, e não me tornado, como acredito:
Eu sempre tive questões fortes ligadas à espiritualidade e facilidade para algumas coisas “sobrenaturais” ou “esotéricas” . Desde muito criança eu tinha projeções astrais e “amigos imaginários”. Gostava de brincar sozinha com pedras,plantas e minha próprias teorias sobre a vida, o universo e tudo mais. Também tinha sonhos premonitórios e uma intuição muito forte sobre pessoas e situações. Ou seja: o mundo invisível sempre foi muito comum para mim! O que me fez parecer uma criança que “não amadureceu”, já que fadas, duendes, seres do astral para mim não eram fantasia, eram reais!
Quando adolescente, tive uma experiência com ayhauasca que me traumatizou muito e me fez correr para a igreja evangélica, me batizando. Mas mesmo lá dentro, minha conexão com o astral era muito forte! Não demorou nada para minha mediunidade começar a ser trabalhada e eu “falar a língua dos anjos”, que hoje vejo como o processo da incorporação. Rebelde, aprendi a ler tarô sozinha ainda dentro da igreja e lia para muitas pessoas.
Quando saí do meio evangélico, não quis me envolver com nenhuma religião, até que após 3 anos sem frequentar nenhum lugar, comecei a conhecer o espiritismo kardecista e lá estou.
Porém, algumas coisas ficavam meio no ar: eu sentia uma necessidade que o espiritismo não tem, de me ligar ritualísticamente à Deus,cosmos e etc! E foi aí que eu descobri a Bruxaria Natural, onde eu poderia me ligar à magia de fato, sem precisar abandonar td minha história de vida com o cristianismo e outras questões cuturais. Comecei um curso de bruxaria natural que não gostei por achar muito superficial e iniciei meus estudos como solitária, que foi onde de fato me desenvolvi magisticamente. Hoje faço um outro curso de magia e continuo estudando muito sozinha. Fui descobrindo inúmeras vertentes na magia, com muitas escolas e nomes diferentes. Considero-me então uma bruxa ainda procurando meu lugar, já que o termo “bruxaria natural” me parece hoje em dia, um tanto vago da forma como ele é abordado na internet,principalmente. Além disso, também me descobri benzedeira e me tornei Reikiana.
Por isso mesmo, mudei muito a minha visão pessoal sobre a bruxaria, sobretudo quando falamos de mulheres.
Não acredito mais no conceito de que “toda mulher é uma bruxa só por ser mulher”. Não é bem assim! Uma, que a bruxaria sempre foi amplamente praticada por homens e mulheres. Gardner, Alex Sanders, Crowley, Cunningan são alguns nomes de grandes magos que fundaram e difundiram tradições mágicas na modernidade. O engano que ocorre quando se fala que “toda mulher é bruxa” é justamente pelo fato de que, tudo o que não fosse considerado cristão ou ameaçasse o poder político da igreja, era considerado bruxaria. E uma coisa que a igreja não queria de maneira alguma eram mulheres no poder! Então, todas as mulheres foram consideradas pejorativamente “bruxas”. Não porque elas praticavam a antiga religião, não porque elas praticavam ritos mágicos, mas por serem mulheres. Muitos homens que de fato praticavam magia eram absolvidos, mas mulheres, muito dificilmente, mesmo que as mesmas não fossem bruxas realmente.
Outra coisa: saber sobre o poder medicinal das ervas, fases da lua,etc, não necessariamente é magia! Pode sim, ser usada dessa forma, mas quase nunca é! Na agricultura trabalha-se muito com as fases da lua para colheitas e ninguém chama isso de bruxaria, por exemplo. Realizar partos,igualmente. O que acontece é que,novamente: tanto a igreja quanto a ciência na epoca não queriam competições! Então, se você soubesse se curar com ervas, se fosse parteira, você seria chamada de bruxa e julgada pela Santa Inquisição.
Mas e o resgate do Sagrado Feminino? Não é um resgate da bruxaria? Não precisa ser! Não precisa ser nem feminista também! Você pode ser uma mulher de direita e trabalhar o sagrado feminino! Buscar a sacralidade em si não necessariamente é um atestado de “estou fazendo uma feitiçariazinha aqui com a minhas irmãs bruxas”. Esse conceito é muito raso e coloca de novo, tudo o que não é considerado cristão num balaio de gatos chamado “bruxaria” e sempre de uma maneira muito equivocada.
O que hoje eu considero bruxaria é de fato, a busca pelo conhecimento e prática da magia! Sendo ela natural, wicanna, alexandrina, do caos, thelema, de vidas passadas ou vida recente. Há pessoas, como eu, que sempre tiveram uma predisposição para a bruxaria mesmo quando não tinham consciência disso. Há bruxas dentro de igrejas, há bruxas atéias, há bruxas em toda parte! Mas a bruxa estuda, pratica, se dedica à sua arte! Todos nós fazemos magia o tempo inteiro, todos nós podemos ser bruxos,mas só alguns desenvolvem o estudo e o estilo de vida ligado ao ocultismo. Você pular 7 ondas no Ano Novo, gostar de acender incensos e ter vários cristais não te torna uma bruxa, mas te torna uma pessoa que pode desenvolver esse lado se assim desejar!
Vamos?

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