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| Profeta Gentileza |
Há alguns dias atrás, me
peguei pensando sobre a vida e o que realmente ela representa. Será que de fato
estamos vivos apenas o tempo em que permanecemos respirando na terra?E será que
muitos que estão respirando, de fato vivem? Perguntei-me o que faz com que até
hoje discutamos, defendamos e até mesmo odiamos conceitos criados há séculos
atrás , pessoas que já faleceram há
décadas e como trazemos essas mesmas pessoas e seus conceitos em nosso
convívio. Afinal, seria o fato de viver, apenas o de sobreviver?
Como não acredito em
coincid6encia, mas em sincronicidade, na mesma semana em que fui tomada por
tais questionamentos, tive o prazer de ter uma série de palestras com Jorge Larrosa,
grande filósofo da educação, na qual ele abordou a história do Profeta
Gentileza e como este homem que presenciou a morte de sua família em incêndio
num circo do Rio de Janeiro, recria deste fim, um novo início para sua
trajetória, trajetória que até os dias de hoje é discutida e divulgada. Até
hoje falamos sobre seu jardim, falamos sobre seu livro público, feito nas
paredes do Rio de Janeiro, sobre suas palavras de amor e gentileza espalhadas
pela cidade e sobre um homem que dedicou a vida aos seus ideais.
O ano de 2014 está cheio
de mortes mal explicadas, por pessoas que a nosso ver, ainda não deveriam ter
partido. Mas será que elas de fato, partiram? E seu legado, como fica? O cinema
é um eternizador de almas. Por ele, ainda há pessoas que estão agora conhecendo
Chaplin, Bela Lugosi, Marilyn Monroe e muitos outros. Estas pessoas podem ter
morrido fisicamente, mas essencialmente, continuam conosco, mais vivas do que
nunca, influenciando gerações, sendo influência para arte, moda, estilo de se
pensar e viver. Ainda ouvimos as canções de Janis Joplin, Jim Morrison, Kurt
Cobain, Raul Seixas, Bezerra da Silva, Clara Nunes. Ainda estudamos e ficamos
confusos com as teorias de Focault, Freud, Marx. Ainda choramos com
Shakespeare, Jane Austen, Carlos Drummond. Essas pessoas continuam fazendo
revolução, continuam vivas em nosso dia-a-dia e em nosso pensamento. E isso que
importa.
Me pergunto agora, se
muitos de nós apenas sobrevivem em vez de viverem, se fazemos de nossa
existência algo que valha a pena ser lembrado, ou então, algo que valha a pena
ser vivido, mesmo sem os holofotes do reconhecimento. Tornarmo-nos eternos? Acrescentaremos algo ao mundo, ou
viemos apenas para continuarmos exercendo nosso limitado papel de seres
humanos, presos a dogmas, críticas, regras e pequenezas terrenas? Pego-me a
pensar que de fato, a vida é curta, e por tão curta ser é que vale a pena
tirarmos dela o máximo de proveito, um proveito que poderá ser apreciado até
mesmo por outras gerações.
Texto escrito para o site Ilha Cult

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