A vontade de nada é muito forte. Ela me prende e me cega. Ela vem quando quer, não importa o quanto eu me esforce para que ela nunca mais volte. Ela vai vir quando eu mudar de emprego, vai vir quando eu ganhar um prêmio, vai vir quando eu ter um cachorro. Quando eu tomar os remédios, quando eu pagar terapeuta, quando eu cuidar do espírito. Ela me desmonta e me reduz a um corpo sem escolha, que apenas obedece ao seu comando.
Ela também pode vir como a vontade de tudo. Tudo me interessa, tudo é urgente, tudo é necessário. Mais um enfeite pro quarto, mais um livro pra estante, mais um curso pro currículo. Quero fazer faculdade, mestrado, ir ao cinema, casar, um filho, aula de dança, comer tudo, virar noites, virar o mundo de ponta cabeça. Gasto dinheiro, peso e consciência. Quebro e vem o desejo de nunca ter vivido.
E aí vem a vontade de nada outra vez.
Não é necessário motivo para ser triste e nem para ser feliz. Não sou eu quem comando.
E lá vem ela outra vez...

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