Um parto foi feito há milênios. Um parto com dores, desses
que descadeiram. Um parto tão difícil que matou a progenitora, a mãe boa de
mais. Esta porém, deixou um legado. Deixou um punhado de nada de onde a nascida
retiraria tudo. Deixou aquele cheiro de sangue para que nunca esquecesse o quão
fora difícil nascer. Uma filha sem mãe, tentando caminhar, dando passos na mata
aberta pensado que voltaria o ventre.
Enfim mergulhou em águas cheias de mortos, onde mulheres lhe
agarravam os pés, homens só apresentavam-lhe as pútridas mãos.
Notou que não era
cheiro de morte: Ela, a própria, não notara que havia sido parida! Era tudo
sujeira de parto, ela e a lama, o sangue e a mulher. Tudo vinha do útero que
lhe havia dado a luz. Era um encontro com ela mesma, com sua vida extrauterina.
Agora ela está na mundo, em passos largos e longas caminhadas. Parida foi.
A mãe na verdade mora cá dentro. Ela e mãe são a mesma
pessoa. A mãe deixou de ser abrigo. Agora, a mãe é intuição.
P.S: Texto feito a partir de um sonho.

mto bom o texto, adorei!!!
ResponderExcluirquando li o relato do seu sonho, eu realmente imaginei uma imagem assim... com essas cores...